terça-feira, 5 de novembro de 2019

Redação do ENEM 2019

Segue algumas informações sobre o tema deste ano. Esse texto não é de ninguém que fez o ENEM mas abrange o TEMA muito claramente. Agradeço o autor pelo compartilhamento.

Os fenômenos da elitização do cinema e democratização religiosa, a partir da  substituição de Cinemas por Igrejas, nos centros das cidades e bairros.

Foto mostra o Cine Carioca, na Tijuca, que virou igreja. O Rio de Janeiro já teve cerca de 200 cinemas de rua nos anos 70, hoje conta com apenas 16.

Muitos de vocês, certamente, já passaram em frente a um antigo cinema, no centro da cidade, e observaram que os letreiros foram alterados para o nome de alguma congregação religiosa.

Essa metamorfose não aconteceu do nada.
O cinema de centro era um meio de interação social, democrático, que aos poucos foi sendo substituído pelas igrejas, sobretudo neo-pentecostais.

Até meados dos anos 80, era muito comum, entre os brasileiros, frequentar as salas escuras dentro desses recintos, geralmente localizados nos centros das grandes cidades.

Quando a onda de expansão dos Shoppings Centers chegou ao Brasil, no início dos anos 80,  seguidos da facilitação ao acesso à televisores e aparelhos de videocassetes, os cinemas passaram a migrar para esses centros de compras e alterar significativamente o público alvo. Que até o período em questão era focado nas pessoas mais humildes.

A migração dos cinemas para os Shoppings, a princípio, pode não parecer uma alteração tão significativa. Mas, em meados dos anos 80, com a forte crise econômica e recessão que assombrava o país, as classes mais pobres ficaram inviabilizadas de frequentar os centros de compras, que na maioria das vezes, era muito afastado  das periferias da cidade, se localizando à beira de grandes rodovias, onde era mais fácil chegar de automóvel.

Foi ao longo dessa década, que os novos cultos neo-pentecostais, representados por instituições como a Igreja Universal do Reino de Deus, passaram a adquirir esses cinemas, pois a configuração estrutural desses prédios iam ao encontro das necessidades das congregações. As salas, cheias de cadeiras(para abrigar os fiéis) e a parte onde ficava a tela, que possuía um palco que  caía como uma luva para a colocação de um púlpito, contribuíam para que não fosse necessário demais obras. Em um cenário como esse, bastava a igreja alugar o prédio, mudar o letreiro da fachada, e coloca-lo para funcionar no outro dia.

E durante anos foi dessa forma: um cinema fechava as portas e na outra semana uma igreja abria no mesmo local.

Tais fatores contribuíram para a construção de dois fenômenos importantes para entender o Brasil atual:  o da elitização do cinema e a democratização das igrejas evangélicas.
Ao longo dos anos 90, com o plano real, a estabilização econômica, e o aumento significativo do poder de compra, no inicio dos anos 2000, o Shopping Center quebrou de vez os cinemas centrais, e as igrejas neo-pentecostais ocuparam quase todos os recintos que antes eram usados para reprodução de filmes.

As atividades culturais e interações sociais que antes eram vivenciadas nas salas de cinemas continuaram ocorrendo, mas agora permeadas pelos cultos religiosos.

Realmente o cinema de Shopping ficou muito caro.
Antigamente os ingressos tinham  preços mais modestos e não havia outras tentações de consumo próximas, a não ser o pipoqueiro e o vendedor de churros que ficava na praça em frente ao cinema. Atualmente, levar a família no Shopping consome uma quantidade significativa de dinheiro.
Grana, que, em um país desigual como o Brasil, pouca gente dispõe.

Texto - Joel Paviotti

mais informações sobre o TEMA de 2019 abaixo

O Globo: Entenda a proposta de redação do Enem, que abordou acesso ao cinema no Brasil

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